Estudo de caso: adoção de medidas de biosseguridade evitam surto de disenteria suína em SC

Você já pensou que uma única atitude pode salvar toda uma produção de suínos? Pois foi exatamente isso que aconteceu em uma granja de terminação localizada em Abelardo Luz, Santa Catarina. O caso foi descrito na página 159 da Revista de Tecnologia e Ciências da Terra (v. 1, 2025), publicação do Centro Universitário do Grande Vale (UGV). O estudo mostra, de forma prática, como o uso disciplinado de biosseguridade conteve um surto de disenteria suína causado pela bactéria Brachyspira hyodysenteriae.

Por que a disenteria suína representa uma ameaça tão grande?

A disenteria suína é uma infecção intestinal grave, provocada pela bactéria Brachyspira hyodysenteriae. Ela causa diarreia com sangue e muco, desidratação, perda de peso e, nos casos mais severos, pode levar à morte dos animais.

Por ser altamente contagiosa, principalmente em sistemas intensivos, essa doença preocupa produtores e técnicos. Quando um único suíno adoece, o risco de o surto se espalhar é alto. Por isso, os prejuízos podem ser grandes: aumento dos custos com medicamentos, perda de desempenho zootécnico e necessidade de descarte.

Além disso, o tempo de resposta ao surto influencia diretamente nos resultados econômicos.

Como a doença se espalha dentro da granja?

A principal forma de transmissão ocorre pela via fecal-oral. Ou seja, o animal infectado elimina a bactéria nas fezes, contaminando o ambiente. Como resultado, água, ração e superfícies tornam-se veículos de contaminação.

Entretanto, outros fatores também contribuem para a disseminação:

  • Equipamentos compartilhados sem higienização;

  • Trânsito de pessoas e veículos entre setores;

  • Entrada de animais sem quarentena;

  • Presença de roedores e moscas.

Portanto, falhas na rotina sanitária podem abrir portas para o surto.

Quais sinais clínicos indicam disenteria suína?

Os sintomas surgem entre 5 e 21 dias após a infecção. Os sinais mais comuns incluem:

  • Diarreia com muco e sangue;

  • Apatia e isolamento;

  • Perda de apetite e desidratação;

  • Redução no ganho de peso;

  • Fezes pastosas e irritação anal, em casos crônicos.

Nesse contexto, a observação diária do plantel se torna essencial. Quanto antes o problema for identificado, maiores as chances de controle.

Como a biosseguridade ajuda a prevenir surtos?

A biosseguridade é o principal escudo contra surtos. Com práticas simples, mas consistentes, é possível reduzir drasticamente os riscos. Veja as medidas mais eficazes:

Quarentena para novos animais — Evita a entrada de agentes patogênicos.
Limpeza e desinfecção constantes — Previne o acúmulo de matéria orgânica e a sobrevivência da bactéria.
Controle rigoroso de pragas — Diminui a chance de vetores espalharem a infecção.
Uso de barreiras físicas e sanitárias — Restringe a entrada de visitantes e veículos.
Capacitação da equipe — Garante resposta rápida e correta em caso de emergência.

Consequentemente, a granja se mantém mais protegida, produtiva e sustentável.

Qual é o papel do diagnóstico e do tratamento?

O diagnóstico deve começar com a suspeita clínica, mas precisa ser confirmado em laboratório. Testes como PCR, cultura bacteriana ou histopatologia ajudam a identificar a B. hyodysenteriae com precisão.

Após a confirmação, é necessário iniciar o tratamento sob orientação veterinária. Antibióticos devem ser selecionados conforme a sensibilidade da cepa. Em casos extremos, o descarte de animais pode ser inevitável.

Por isso, monitorar o rebanho constantemente é a melhor forma de garantir resposta imediata e eficaz.


Perguntas frequentes sobre disenteria suína

1. Humanos correm risco com essa doença?
Não. A disenteria suína não é uma zoonose. Em outras palavras, a B. hyodysenteriae não afeta seres humanos.

2. É possível erradicar a bactéria da granja?
Eliminar totalmente é difícil, mas é viável manter o ambiente livre de surtos com biosseguridade contínua.

3. Existe vacina contra a disenteria suína?
Atualmente, não há vacina eficaz disponível. Por isso, a prevenção é a única alternativa segura.

4. O que fazer ao identificar um novo surto?
Isolar os animais doentes, reforçar a limpeza, revisar os protocolos e seguir o tratamento prescrito pelo veterinário.

5. Somente suínos jovens são afetados?
Não. Leitões, animais em crescimento e matrizes podem ser atingidos, especialmente quando a imunidade está baixa.


O que aprendemos com esse surto?

O caso da granja de Abelardo Luz mostra, com clareza, que biosseguridade não é um luxo — é uma necessidade. Quando aplicada corretamente, ela protege a produção, evita perdas e garante estabilidade.

Além disso, investir em prevenção é sempre mais barato do que lidar com um surto em andamento.

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Paulo Raffi e Luiz Eduardo Conte

Paulo Raffi e Luiz Eduardo Conte

BIOSSEGURIDADE.COM: Uma plataforma dedicada à biosseguridade para todas as espécies animais e vegetais, idealizada pelos veterinários Paulo Raffi e Luiz Eduardo Conte que juntos possuem mais de 60 anos de experiência no setor. Ambos compartilham o objetivo de conscientizar sobre a biosseguridade e contribuir para ambientes mais seguros na produção animal e vegetal, baseando-se na experiência prática acumulada e em estratégias empresariais e de comunicação eficazes para o crescimento da Biosseguridade.com.

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