A agroindústria tem enfrentado desafios significativos devido à chegada de suínos sujos às suas instalações. Esses animais frequentemente saem das propriedades já sujos ou pioram sua condição durante o transporte e a espera, gerando uma série de problemas que vão além da aparência. O principal deles é o risco de contaminação bacteriana, uma vez que suínos sujos podem transportar uma variedade de bactérias patogênicas, representando sérios riscos à segurança alimentar.
Além da contaminação bacteriana, a presença de sujeira pode resultar em contaminação da carne com fezes e outros materiais orgânicos. A manipulação de suínos sujos exige medidas extras para limpar e desinfetar áreas de trabalho, equipamentos e instalações, aumentando os custos de produção e o tempo de processamento. Esse cenário pode levar à exclusão de lotes inteiros de carne, resultando em perdas financeiras significativas.
Antônio Viscondi Júnior, gerente agropecuário da BRF, destacou esses desafios durante o Encontro Regional Abraves-PR 2024, realizado em Toledo. Segundo Viscondi Júnior, o maior problema relacionado à qualidade dos animais para abate é a sujeira. “Hoje, 90% dos nossos problemas estão relacionados a isso”, afirmou durante sua palestra.
Para enfrentar essa situação, ele sugeriu várias medidas preventivas, como espalhar maravalha pelo percurso até o caminhão, observar o alinhamento do caminhão com o carregador, organizar os animais em pequenos grupos e utilizar travas de segurança. Além disso, ele ressaltou a importância de molhar os animais em temperaturas acima de 15ºC e cobrir o caminhão com sombrite.
Viscondi Júnior também enfatizou a importância da transparência e comunicação com os parceiros de transporte. “Antes do caminhão sair da propriedade, fazemos uma breve filmagem para demonstrar à agroindústria a condição dos animais”, frisou.
Apesar das medidas aparentemente simples, falhas no manejo podem resultar em sérias complicações operacionais. “É um manejo para abate simples, mas que pode acarretar problemas no dia a dia”, alertou Viscondi Júnior.
Ele destacou ainda a importância da certificação em bem-estar animal, essencial para a sustentabilidade do negócio. “Temos 100% das unidades certificadas em bem-estar animal. Todos devem ser treinados e certificados, e sempre há espaço para melhorias”, concluiu Viscondi Júnior.