Biosseguridade na suinocultura: a chave para o controle da peste suína africana em 2025

A suinocultura brasileira vive um momento de destaque no cenário mundial, com exportações recordes que renderam ao país US$ 2,9 bilhões em 2024, conforme publicado pela Forbes Brasil. No entanto, esse sucesso depende fundamentalmente de um pilar essencial: a biosseguridade. Em um contexto global onde a peste suína africana (PSA) continua representando uma ameaça significativa para a produção suinícola mundial, as medidas de biosseguridade se tornaram mais do que uma recomendação – são uma necessidade estratégica para a manutenção da competitividade e sustentabilidade do setor.

O que é biosseguridade na Suinocultura?

A biosseguridade na suinocultura consiste em um conjunto integrado de medidas preventivas que visam evitar a entrada, estabelecimento e disseminação de agentes patogênicos nas granjas, segundo informações da Embrapa. De acordo com especialistas da área citados pela Forbes Brasil, a biosseguridade une medidas que previnem, controlam e protegem, limitando a exposição dos animais de um sistema produtivo a agentes causadores de doenças.
Este conceito abrange desde o controle rigoroso de acesso às instalações até a implementação de protocolos específicos de higienização e desinfecção. Conforme explica a empresa Vetanco em seu portal, a biosseguridade pode ser dividida em duas categorias principais: externa e interna. A biosseguridade externa relaciona-se à proteção do rebanho contra o ingresso de agentes patogênicos vindos do ambiente externo, enquanto a interna foca no controle da disseminação de doenças dentro da própria granja.

A ameaça da peste suína africana: cenário blobal atual

A Peste Suína Africana é uma doença viral altamente contagiosa que afeta suínos domésticos e selvagens, causada por um vírus da família Asfarviridae. Embora não represente risco para a saúde humana, seu impacto econômico é devastador. Na China, onde a doença foi detectada em 2018, a PSA já dizimou cerca de 60% do plantel suíno do país, impactando significativamente a produção e o mercado mundial de carne suína, segundo reportagem da Forbes Brasil.
Em 2024, a PSA persistiu em diversos países da Europa e da Ásia, com surtos notificados em nações como Grécia, Suécia, Itália, Montenegro, Filipinas, Hong Kong, Albânia e Vietnã, de acordo com o levantamento publicado pela Forbes Brasil. Dados mais recentes do portal 3tres3 mostram que no primeiro trimestre de 2025, já foram registrados mais de 4.400 casos em javalis e 168 em suínos domésticos em 17 países europeus.
O Brasil mantém-se livre da PSA desde 1984, quando foi declarado oficialmente livre da doença, conforme informações do portal Porci News. Este status sanitário privilegiado é resultado direto da implementação rigorosa de medidas de biosseguridade e do monitoramento constante realizado pelas autoridades sanitárias e pelo setor produtivo.

Por que a biosseguridade é fundamental para o controle da PSA?

A ausência de vacinas ou tratamentos específicos contra a PSA torna a prevenção por meio da biosseguridade a única estratégia eficaz de controle, segundo documento oficial do Ministério da Agricultura. As medidas preventivas são baseadas em ações sanitárias rigorosas, com destaque para a restrição da movimentação de animais e produtos de risco, além do fortalecimento dos protocolos de biosseguridade nas granjas, conforme estabelece o Plano de Contingência para Peste Suína Africana do governo federal.
A importância da biosseguridade no controle da PSA pode ser compreendida por meio de diversos aspectos fundamentais. O vírus da PSA pode ser introduzido nas granjas por meio de múltiplas vias, incluindo animais infectados, produtos contaminados, veículos, equipamentos, pessoas e até mesmo vetores como carrapatos. Um sistema robusto de biosseguridade atua como uma barreira eficaz contra essas vias de transmissão.
Caso ocorra a introdução do vírus, medidas adequadas de biosseguridade interna podem limitar sua disseminação dentro da granja e para propriedades vizinhas, minimizando os impactos econômicos e facilitando as ações de controle sanitário. Para países livres da PSA, como o Brasil, a biosseguridade é essencial para manter esse status e preservar o acesso aos mercados internacionais, que são cada vez mais exigentes em relação às questões sanitárias.

Principais medidas de biosseguridade para prevenção da PSA

Controle de Acesso e Isolamento

  • Implementar sistemas rigorosos de controle de entrada e saída de pessoas, veículos e equipamentos.

  • Exigir registro obrigatório de todas as visitas com protocolos específicos de higienização.

  • Manter cercas adequadas ao redor da propriedade, respeitando distância segura de focos de vetores e outros suínos.

  • Garantir o isolamento físico da granja para evitar o contato com animais selvagens, especialmente javalis, potenciais transmissores do vírus da PSA.

Desinfecção e Higienização

  • Todos os veículos devem passar por limpeza e desinfecção rigorosa com produtos químicos apropriados (ex.: recomendados pela Instaquim).

  • Utilizar arcos de desinfecção e pedilúvios como barreiras sanitárias essenciais.

  • Realizar limpeza e desinfecção regulares das instalações, equipamentos e utensílios usados no manejo.

  • Documentar a rotina de higienização conforme protocolos estabelecidos por órgãos competentes.

Manejo Sanitário e Capacitação

  • Implementar práticas corretas de manejo sanitário, como:

    • Descarte adequado de animais mortos;

    • Tratamento de efluentes;

    • Controle rigoroso de pragas e vetores.

  • Promover treinamento contínuo da equipe sobre medidas de biosseguridade.

  • Garantir que todos compreendam e apliquem corretamente os protocolos.

  • Realizar monitoramento constante da saúde do rebanho.

  • Notificar imediatamente qualquer suspeita de doença às autoridades competentes.

Fortalecimento da legislação em 2025

Em 2025, observa-se um fortalecimento significativo das regulamentações estaduais sobre biosseguridade na suinocultura, como o Distrito Federal que publicou a Portaria nº 146/2025, estabelecendo normas mais rigorosas de biosseguridade para granjas comerciais de suínos.
A Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul de Mato Grosso do Sul (IAGRO) também publicou nova portaria definindo requisitos específicos de biosseguridade, incluindo exigências como cerca de isolamento, estrutura de manejo adequada e protocolos detalhados de prevenção. Essas regulamentações definem requisitos mínimos que as granjas devem atender para serem registradas pelo Serviço Veterinário Oficial estadual.

Impactos econômicos e oportunidades de mercado

A implementação eficaz de medidas de biosseguridade não representa apenas um custo operacional, mas sim um investimento estratégico na competitividade do setor. O Brasil, mantendo-se livre da PSA, consegue acessar mercados premium e expandir suas exportações para países com exigências sanitárias mais rigorosas.
As Filipinas se destacaram entre os principais importadores da carne suína brasileira em 2024, comprando 254,3 mil toneladas da proteína, um aumento de 101% em relação a 2023, conforme dados da Forbes Brasil. Este crescimento está diretamente relacionado aos problemas sanitários enfrentados pelo país asiático, incluindo casos de PSA, demonstrando como a biosseguridade eficaz se traduz em vantagem competitiva.

Perspectivas promissoras para 2025

Para 2025, especialistas projetam que a biosseguridade será ainda mais determinante para o sucesso da suinocultura brasileira. Segundo Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a meta é alcançar até 1,45 milhão de toneladas nos embarques de carne suína, aproximando o Brasil do terceiro lugar entre os maiores exportadores mundiais.
O investimento contínuo em biosseguridade, aliado ao monitoramento rigoroso e à capacitação constante dos produtores, será fundamental para manter a competitividade do setor e garantir o acesso a novos mercados na América Central, África e outras regiões da Ásia.
A expectativa é de fortalecimento da relação comercial com mercados consolidados e abertura de novos destinos para a proteína suína brasileira, sempre respaldada pela excelência em biosseguridade que caracteriza o setor nacional.
A biosseguridade na suinocultura brasileira representa muito mais do que uma medida preventiva contra a Peste Suína Africana – é um diferencial competitivo que posiciona o país como líder mundial na produção de proteína suína de qualidade superior. Em um cenário global onde a PSA continua causando impactos devastadores em diversos países, as medidas rigorosas de biosseguridade implementadas no Brasil garantem não apenas a proteção dos rebanhos, mas também a manutenção do acesso aos mercados internacionais mais exigentes.
O sucesso da suinocultura brasileira em 2025 dependerá da capacidade do setor em manter e aprimorar continuamente seus protocolos de biosseguridade, investindo em tecnologia, capacitação e infraestrutura adequada. Somente através deste compromisso será possível preservar o status sanitário privilegiado do país e continuar expandindo a participação no mercado mundial de carne suína, consolidando o Brasil como uma potência global neste segmento estratégico do agronegócio.

Perguntas frequentes sobre biosseguridade e Peste Suína Africana

O que é exatamente a Peste Suína Africana?

A Peste Suína Africana (PSA) é uma doença viral altamente contagiosa que afeta suínos domésticos e selvagens. É causada por um vírus da família Asfarviridae e não possui vacina ou tratamento específico. Embora não represente risco para humanos, causa alta mortalidade em suínos e tem impacto econômico devastador.

O Brasil já teve casos de PSA?

Sim, o Brasil registrou casos de PSA no passado, mas foi declarado livre da doença em 1984. O último foco foi registrado em 1981, e desde então o país mantém rigoroso sistema de vigilância sanitária para prevenir a reintrodução do vírus.

Quais são os principais sintomas da PSA em suínos?

Os sintomas incluem febre alta, perda de apetite, fraqueza, manchas avermelhadas na pele, dificuldade respiratória, vômitos e diarreia. Em casos agudos, a morte pode ocorrer em poucos dias. Qualquer suspeita deve ser imediatamente comunicada ao serviço veterinário oficial.

Como a PSA se espalha entre os suínos?

A transmissão ocorre através do contato direto entre animais infectados e sadios, consumo de alimentos contaminados, contato com sangue ou secreções de animais infectados, picadas de carrapatos vetores e contaminação por equipamentos, veículos ou pessoas que tiveram contato com o vírus.

Quais são as medidas básicas de biosseguridade que todo produtor deve adotar?

As medidas essenciais incluem: controle rigoroso de acesso à propriedade, desinfecção de veículos e equipamentos, isolamento de novos animais por período de quarentena, uso de roupas e calçados exclusivos, descarte adequado de animais mortos, controle de pragas e vetores, e treinamento constante da equipe.

Quanto custa implementar um sistema de biosseguridade eficaz?

O investimento varia conforme o tamanho da propriedade, mas deve ser visto como investimento estratégico, não como custo. Os gastos com prevenção são sempre menores que os prejuízos causados por surtos de doenças. Muitas medidas são de baixo custo, como protocolos de higienização e controle de acesso.

O que fazer se suspeitar de PSA na propriedade?

Isole imediatamente os animais suspeitos, não movimente animais da propriedade, não descarte carcaças sem orientação oficial, comunique imediatamente o serviço veterinário oficial local e siga rigorosamente todas as orientações das autoridades sanitárias.

A carne suína brasileira é segura para consumo?

Sim, a carne suína brasileira é totalmente segura. O Brasil mantém rigoroso controle sanitário e é reconhecido internacionalmente como livre de PSA. Além disso, a PSA não afeta humanos, sendo uma doença exclusiva de suínos.

Como a biosseguridade impacta a competitividade do setor?

A biosseguridade eficaz garante acesso a mercados internacionais exigentes, reduz custos com tratamentos e perdas por doenças, melhora a produtividade dos rebanhos e fortalece a reputação da proteína brasileira no mercado global.

Quais são as perspectivas para a suinocultura brasileira em 2025?

As perspectivas são muito positivas. Com a manutenção da biosseguridade rigorosa, o Brasil pode alcançar até 1,45 milhão de toneladas em exportações de carne suína, aproximando-se do terceiro lugar mundial entre os exportadores e conquistando novos mercados na América Central, África e Ásia.
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Paulo Raffi e Luiz Eduardo Conte

BIOSSEGURIDADE.COM: Uma plataforma dedicada à biosseguridade para todas as espécies animais e vegetais, idealizada pelos veterinários Paulo Raffi e Luiz Eduardo Conte que juntos possuem mais de 60 anos de experiência no setor. Ambos compartilham o objetivo de conscientizar sobre a biosseguridade e contribuir para ambientes mais seguros na produção animal e vegetal, baseando-se na experiência prática acumulada e em estratégias empresariais e de comunicação eficazes para o crescimento da Biosseguridade.com.

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