A suinocultura brasileira vive um momento de destaque no cenário mundial, com exportações recordes que renderam ao país US$ 2,9 bilhões em 2024, conforme publicado pela Forbes Brasil. No entanto, esse sucesso depende fundamentalmente de um pilar essencial: a biosseguridade. Em um contexto global onde a peste suína africana (PSA) continua representando uma ameaça significativa para a produção suinícola mundial, as medidas de biosseguridade se tornaram mais do que uma recomendação – são uma necessidade estratégica para a manutenção da competitividade e sustentabilidade do setor. O que é biosseguridade na Suinocultura?
A biosseguridade na suinocultura consiste em um conjunto integrado de medidas preventivas que visam evitar a entrada, estabelecimento e disseminação de agentes patogênicos nas granjas, segundo informações da Embrapa. De acordo com especialistas da área citados pela Forbes Brasil, a biosseguridade une medidas que previnem, controlam e protegem, limitando a exposição dos animais de um sistema produtivo a agentes causadores de doenças.
Este conceito abrange desde o controle rigoroso de acesso às instalações até a implementação de protocolos específicos de higienização e desinfecção. Conforme explica a empresa Vetanco em seu portal, a biosseguridade pode ser dividida em duas categorias principais: externa e interna. A biosseguridade externa relaciona-se à proteção do rebanho contra o ingresso de agentes patogênicos vindos do ambiente externo, enquanto a interna foca no controle da disseminação de doenças dentro da própria granja.
A ameaça da peste suína africana: cenário blobal atual
A Peste Suína Africana é uma doença viral altamente contagiosa que afeta suínos domésticos e selvagens, causada por um vírus da família Asfarviridae. Embora não represente risco para a saúde humana, seu impacto econômico é devastador. Na China, onde a doença foi detectada em 2018, a PSA já dizimou cerca de 60% do plantel suíno do país, impactando significativamente a produção e o mercado mundial de carne suína, segundo reportagem da Forbes Brasil.
Em 2024, a PSA persistiu em diversos países da Europa e da Ásia, com surtos notificados em nações como Grécia, Suécia, Itália, Montenegro, Filipinas, Hong Kong, Albânia e Vietnã, de acordo com o levantamento publicado pela Forbes Brasil. Dados mais recentes do portal 3tres3 mostram que no primeiro trimestre de 2025, já foram registrados mais de 4.400 casos em javalis e 168 em suínos domésticos em 17 países europeus.
O Brasil mantém-se livre da PSA desde 1984, quando foi declarado oficialmente livre da doença, conforme informações do portal Porci News. Este status sanitário privilegiado é resultado direto da implementação rigorosa de medidas de biosseguridade e do monitoramento constante realizado pelas autoridades sanitárias e pelo setor produtivo.
Por que a biosseguridade é fundamental para o controle da PSA?
A ausência de vacinas ou tratamentos específicos contra a PSA torna a prevenção por meio da biosseguridade a única estratégia eficaz de controle, segundo documento oficial do Ministério da Agricultura. As medidas preventivas são baseadas em ações sanitárias rigorosas, com destaque para a restrição da movimentação de animais e produtos de risco, além do fortalecimento dos protocolos de biosseguridade nas granjas, conforme estabelece o Plano de Contingência para Peste Suína Africana do governo federal. A importância da biosseguridade no controle da PSA pode ser compreendida por meio de diversos aspectos fundamentais. O vírus da PSA pode ser introduzido nas granjas por meio de múltiplas vias, incluindo animais infectados, produtos contaminados, veículos, equipamentos, pessoas e até mesmo vetores como carrapatos. Um sistema robusto de biosseguridade atua como uma barreira eficaz contra essas vias de transmissão.
Caso ocorra a introdução do vírus, medidas adequadas de biosseguridade interna podem limitar sua disseminação dentro da granja e para propriedades vizinhas, minimizando os impactos econômicos e facilitando as ações de controle sanitário. Para países livres da PSA, como o Brasil, a biosseguridade é essencial para manter esse status e preservar o acesso aos mercados internacionais, que são cada vez mais exigentes em relação às questões sanitárias.
Principais medidas de biosseguridade para prevenção da PSA
Controle de Acesso e Isolamento
Implementar sistemas rigorosos de controle de entrada e saída de pessoas, veículos e equipamentos.
Exigir registro obrigatório de todas as visitas com protocolos específicos de higienização.
Manter cercas adequadas ao redor da propriedade, respeitando distância segura de focos de vetores e outros suínos.
Garantir o isolamento físico da granja para evitar o contato com animais selvagens, especialmente javalis, potenciais transmissores do vírus da PSA.
Desinfecção e Higienização
Todos os veículos devem passar por limpeza e desinfecção rigorosa com produtos químicos apropriados (ex.: recomendados pela Instaquim).
Utilizar arcos de desinfecção e pedilúvios como barreiras sanitárias essenciais.
Realizar limpeza e desinfecção regulares das instalações, equipamentos e utensílios usados no manejo.
Documentar a rotina de higienização conforme protocolos estabelecidos por órgãos competentes.
Manejo Sanitário e Capacitação
Implementar práticas corretas de manejo sanitário, como:
Promover treinamento contínuo da equipe sobre medidas de biosseguridade.
Garantir que todos compreendam e apliquem corretamente os protocolos.
Realizar monitoramento constante da saúde do rebanho.
Notificar imediatamente qualquer suspeita de doença às autoridades competentes.
Fortalecimento da legislação em 2025
Em 2025, observa-se um fortalecimento significativo das regulamentações estaduais sobre biosseguridade na suinocultura, como o Distrito Federal que publicou a Portaria nº 146/2025, estabelecendo normas mais rigorosas de biosseguridade para granjas comerciais de suínos.
A Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul de Mato Grosso do Sul (IAGRO) também publicou nova portaria definindo requisitos específicos de biosseguridade, incluindo exigências como cerca de isolamento, estrutura de manejo adequada e protocolos detalhados de prevenção. Essas regulamentações definem requisitos mínimos que as granjas devem atender para serem registradas pelo Serviço Veterinário Oficial estadual. Impactos econômicos e oportunidades de mercado
A implementação eficaz de medidas de biosseguridade não representa apenas um custo operacional, mas sim um investimento estratégico na competitividade do setor. O Brasil, mantendo-se livre da PSA, consegue acessar mercados premium e expandir suas exportações para países com exigências sanitárias mais rigorosas.
As Filipinas se destacaram entre os principais importadores da carne suína brasileira em 2024, comprando 254,3 mil toneladas da proteína, um aumento de 101% em relação a 2023, conforme dados da Forbes Brasil. Este crescimento está diretamente relacionado aos problemas sanitários enfrentados pelo país asiático, incluindo casos de PSA, demonstrando como a biosseguridade eficaz se traduz em vantagem competitiva.
Perspectivas promissoras para 2025
Para 2025, especialistas projetam que a biosseguridade será ainda mais determinante para o sucesso da suinocultura brasileira. Segundo Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a meta é alcançar até 1,45 milhão de toneladas nos embarques de carne suína, aproximando o Brasil do terceiro lugar entre os maiores exportadores mundiais.
O investimento contínuo em biosseguridade, aliado ao monitoramento rigoroso e à capacitação constante dos produtores, será fundamental para manter a competitividade do setor e garantir o acesso a novos mercados na América Central, África e outras regiões da Ásia.
A expectativa é de fortalecimento da relação comercial com mercados consolidados e abertura de novos destinos para a proteína suína brasileira, sempre respaldada pela excelência em biosseguridade que caracteriza o setor nacional.
A biosseguridade na suinocultura brasileira representa muito mais do que uma medida preventiva contra a Peste Suína Africana – é um diferencial competitivo que posiciona o país como líder mundial na produção de proteína suína de qualidade superior. Em um cenário global onde a PSA continua causando impactos devastadores em diversos países, as medidas rigorosas de biosseguridade implementadas no Brasil garantem não apenas a proteção dos rebanhos, mas também a manutenção do acesso aos mercados internacionais mais exigentes.
O sucesso da suinocultura brasileira em 2025 dependerá da capacidade do setor em manter e aprimorar continuamente seus protocolos de biosseguridade, investindo em tecnologia, capacitação e infraestrutura adequada. Somente através deste compromisso será possível preservar o status sanitário privilegiado do país e continuar expandindo a participação no mercado mundial de carne suína, consolidando o Brasil como uma potência global neste segmento estratégico do agronegócio.