Hoje, 29 de maio de 2025, em Paris, a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) reconheceu oficialmente o Brasil como país livre de febre aftosa sem vacinação. O anúncio foi feito durante a 92ª Sessão Geral da Assembleia Mundial de Delegados, representando um avanço histórico para a pecuária brasileira.
Esse reconhecimento é fruto de décadas de esforço conjunto entre o setor público e privado. Produtores rurais, entidades representativas, autoridades sanitárias e o Serviço Veterinário Oficial trabalharam de forma integrada para conquistar esse novo patamar sanitário.
A partir de agora, o Brasil fortalece sua posição como protagonista global na produção de carne, ampliando o acesso a mercados mais exigentes. Essa conquista também consolida a biosseguridade como um dos principais pilares do agronegócio brasileiro.
Durante a cerimônia em Paris, a senadora Tereza Cristina destacou a importância da manutenção do status sanitário recém-conquistado. Segundo ela:
“Os produtores rurais conquistam um status diferente, podendo acessar mercados mais exigentes, que pagam mais pela carne e que, sem esse status, não poderiam ser alcançados. O Brasil continuará no rumo da produção da carne bovina de qualidade, fazendo a diferença.”
A conquista é resultado de mais de meio século de esforços coordenados entre governos, produtores rurais, técnicos, sindicatos e instituições sanitárias. Com o fim da vacinação, o país ingressa em um seleto grupo de nações com alto grau de vigilância e controle sanitário, aptas a atender aos mercados mais exigentes do mundo.

Os números da conquista
Ao todo, mais de 244 milhões de bovinos e bubalinos, distribuídos em 3,2 milhões de propriedades rurais, deixaram de ser vacinados contra a febre aftosa. Esse processo começou há mais de 50 anos, segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).
A última ocorrência da doença no país foi registrada em 2006. Desde então, o Brasil passou a implementar zonas livres com vacinação. Apenas alguns estados — como Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre e Rondônia — já tinham o reconhecimento internacional sem vacinação.
A partir deste novo reconhecimento da OMSA, o Brasil conquista, pela primeira vez, a chancela oficial de país livre de febre aftosa sem vacinação, elevando o patamar sanitário nacional e criando oportunidades inéditas para a carne bovina brasileira no mercado global.
A biosseguridade como protagonista
A trajetória até esse reconhecimento teve um protagonista claro: a biosseguridade. O Brasil adotou um conjunto robusto de ações de prevenção, controle e educação sanitária, criando um verdadeiro cinturão contra a reintrodução da doença.
Entre os principais destaques estão:
Reforço do Serviço Veterinário Oficial;
Capacitação de técnicos e produtores com apoio do Sistema CNA/Senar;
Criação de Fundos Emergenciais de Febre Aftosa em diversos estados.
Essas ações seguiram as diretrizes do Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PNEFA), em vigor desde 2017. A retirada da vacinação foi feita de forma gradual, baseada em análises de risco, testes sorológicos e ferramentas de rastreabilidade.
Por que esse reconhecimento da OMSA é tão relevante?
O reconhecimento da OMSA vai muito além de uma certificação técnica. Ele impacta diretamente o setor produtivo e a economia nacional. Veja os principais ganhos:
Acesso a mercados restritos, como Japão e Coreia do Sul;
Valorização da carne brasileira, com maior competitividade global;
Redução de custos operacionais para os produtores;
Fortalecimento da imagem internacional do Brasil em sanidade animal.
Como o Brasil conseguiu erradicar a febre aftosa?
Esse marco só foi possível graças a um esforço coordenado envolvendo:
Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA);
Serviços veterinários estaduais;
Associações de produtores;
Investimentos em fiscalização e estrutura técnica.
Desde 2023, o país já vinha retirando gradualmente a vacinação. Em 2024, alguns estados conquistaram o reconhecimento internacional. Em 2025, com o atendimento total aos critérios da OMSA, o Brasil atingiu o status de livre de febre aftosa sem vacinação.
Quais são os desafios após o fim da vacinação?
Com o fim da vacinação, o Brasil não pode baixar a guarda. Manter esse status exige:
Barreiras sanitárias rígidas nas fronteiras;
Vigilância ativa e passiva sobre os rebanhos;
Resposta imediata diante de qualquer suspeita;
Educação continuada para técnicos e produtores.
A biosseguridade precisa se tornar rotina diária nas fazendas, garantindo a preservação do status sanitário e evitando riscos de reinfecção.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) também destacou que se trata de um momento histórico, que reforça a credibilidade da carne brasileira e demonstra que o país está preparado para atuar com responsabilidade no comércio internacional.
Perguntas Frequentes (FAQ)
1. O que é febre aftosa e por que ela preocupa tanto?
É uma doença viral altamente contagiosa, que afeta bovinos, suínos, ovinos e caprinos. Prejudica a produtividade e, por isso, países exigem status sanitário rigoroso para importar carne.
2. O Brasil ainda vacina contra febre aftosa?
Não. Desde 2025, todo o território nacional deixou de vacinar, adotando sistemas de vigilância intensiva como alternativa.
3. O que o produtor rural ganha com isso?
Ele economiza com a vacinação e pode vender para mercados mais exigentes. No entanto, terá que investir mais em biosseguridade e rastreabilidade.
4. A OMSA pode retirar esse status?
Sim. Se houver surtos da doença ou falhas na vigilância, o Brasil pode perder a certificação. A prevenção precisa ser contínua.
5. Isso afeta o consumidor final?
Afeta positivamente. A carne brasileira se valoriza, gerando mais empregos, renda e segurança alimentar para os brasileiros.