Você já pensou em como uma simples medida de controle pode salvar uma produção inteira? É isso que mostra o estudo publicado na página 159 da Revista de Tecnologia e Ciências da Terra (v. 1, 2025), disponível no site do Centro Universitário do Grande Vale (UGV). No estudo, os autores João André da Rocha Partika e Claudia Gaiovis Prestes relatam como um surto de Brachyspira hyodysenteriae, agente causador da disenteria suína, foi contido com o uso rigoroso de práticas de biosseguridade em uma granja de produção intensiva de suínos, especificamente voltada para a fase de terminação, na cidade de Abelardo Luz, Santa Catarina.
Embora a granja já adotasse práticas consideradas satisfatórias de biosseguridade para o controle de acesso externo — como restrição de entrada de pessoas e materiais — o estudo identificou uma fragilidade crítica no trânsito interno entre os barracões, que não era devidamente controlado. Esse detalhe aparentemente secundário mostrou-se determinante: apenas um dos lotes afetados possuía leitões provenientes de uma UPD contaminada, o que indica que a disseminação da bactéria Brachyspira hyodysenteriae entre os demais lotes pode ter ocorrido justamente pela movimentação inadequada de pessoas e objetos entre os setores. A partir dessa constatação, foram adotadas medidas mais restritivas, como roupas exclusivas por barracão, revelando a importância de analisar e ajustar constantemente todos os pontos vulneráveis do sistema de biosseguridade, mesmo aqueles que à primeira vista parecem estar sob controle.
A doença, que provoca colite muco-hemorrágica e leva à morte de animais, perda de peso, aumento no uso de antibióticos e altos custos com tratamentos, compromete diretamente a rentabilidade das granjas.
Diante do surto, a granja estudada implementou um conjunto robusto de medidas de biosseguridade que incluíam:
Segregação de lotes por origem, para evitar a disseminação entre grupos de suínos;
Controle rigoroso do trânsito de pessoas e equipamentos entre os galpões, com roupas e utensílios exclusivos para cada setor;
Desinfecção intensiva de caminhões e equipamentos, tanto para ração quanto para transporte de animais;
Controle de roedores, apontados como potenciais vetores da bactéria;
Tratamento preventivo de animais provenientes de áreas contaminadas e isolamento de animais sintomáticos.
Os resultados foram expressivos: em até 15 dias após o início dos tratamentos e da intensificação das medidas sanitárias, houve recuperação significativa da sanidade dos animais e redução drástica na mortalidade. Ao final do processo, os testes laboratoriais confirmaram a erradicação da bactéria nos lotes afetados, o que demonstrou a eficácia das ações adotadas.
Mais do que um controle pontual, o caso reforça a necessidade de manter as práticas de biosseguridade como rotina, inclusive com treinamentos constantes para as equipes de manejo. A experiência serviu de base para adoção de novos padrões internos na integração, com foco em prevenção e resposta rápida a qualquer sinal de enfermidade.
Para quem deseja se aprofundar no tema e entender todos os detalhes técnicos e operacionais dessa experiência, o artigo completo está disponível para leitura. O estudo traz dados, imagens, protocolos aplicados e uma análise criteriosa que pode servir de base para produtores, técnicos e estudantes que buscam aprimorar seus conhecimentos em biosseguridade na suinocultura.
Clique aqui para acessar o conteúdo na íntegra e baixar a publicação diretamente do nosso site.