Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), sediados em Goiânia, realizaram uma descoberta inédita ao identificar ovos do mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue, contaminados com os vírus da zika e chikungunya. A pesquisa, publicada na revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical nesta sexta-feira, 23 de fevereiro, confirma a transmissão vertical dessas doenças.
A transmissão vertical ocorre quando os vírus são passados dos mosquitos adultos para as larvas, dispensando a necessidade de um hospedeiro intermediário, como os seres humanos, característico dos mosquitos do gênero Aedes.
O estudo envolveu a coleta de ovos do Aedes aegypti em sete regiões distintas de Goiânia, que foram criados em laboratório até a eclosão das larvas. Ao todo, 1.570 ovos foram coletados e submetidos a testes de PCR para detectar a presença dos vírus da dengue, zika e chikungunya. Os resultados revelaram que duas amostras testaram positivo para chikungunya e uma para zika.
Segundo o biólogo e líder do estudo, Diego Michel, doutorando em Biologia Molecular na UFG, os ovos infectados podem resistir a ciclos naturais, como períodos de seca, e eclodir durante os períodos chuvosos, representando um alerta para a vigilância epidemiológica, pois esses mosquitos já são altamente infecciosos.
A transmissão vertical pode agravar os problemas de saúde pública ao facilitar a disseminação das doenças para os seres humanos. No entanto, o impacto real desse mecanismo na propagação das arboviroses na região ainda não é completamente compreendido. Michel destaca que medidas de prevenção, como a eliminação de criadouros e o uso de repelentes, continuam sendo fundamentais.
O estudo, apoiado pela Capes e CNPq, contou com a colaboração da Secretaria de Vigilância Sanitária de Goiânia.