A aquicultura, especialmente na criação de tilápias e camarões, tem se consolidado como uma das atividades mais promissoras no agronegócio brasileiro. No entanto, o crescimento da produção também aumenta o risco de disseminação de doenças que afetam a saúde animal, reduzem a produtividade e comprometem a sustentabilidade econômica dos empreendimentos.
Nesse cenário, o investimento em alimentação balanceada, boas práticas de manejo e biosseguridade se tornou essencial para garantir o sucesso das operações e o acesso a mercados cada vez mais exigentes.
Principais doenças na criação de tilápias e camarões
Tilápias e camarões estão sujeitos a diversos patógenos, que podem provocar grandes prejuízos se não forem prevenidos adequadamente. Entre as principais enfermidades em tilápias está a septicemia hemorrágica, causada por bactérias do gênero Aeromonas. Já na carcinicultura, destaca-se a síndrome da mancha branca (WSSV), uma das doenças virais mais destrutivas em cultivos de camarões.
A introdução desses agentes pode ocorrer por meio da água, larvas contaminadas, equipamentos mal higienizados e até mesmo visitantes não autorizados nas unidades de cultivo. Daí a importância de ações coordenadas de prevenção.
Estratégias de prevenção: alimentação e manejo adequados
A alimentação correta e o manejo sanitário eficiente são pilares na prevenção de doenças em sistemas aquícolas. Algumas das estratégias mais eficazes incluem:
Uso de rações de qualidade: Rações com alto valor nutricional ajudam a fortalecer o sistema imunológico dos animais. Para camarões, por exemplo, é indicado o uso de rações peletizadas com teor de proteína entre 30% e 35%.
Distribuição adequada do alimento: O fornecimento deve ser ajustado à biomassa dos tanques e feito em horários fixos, o que evita sobras e a deterioração da água.
Monitoramento da qualidade da água: Controlar parâmetros como pH, temperatura, oxigênio dissolvido e amônia é essencial para manter os animais em um ambiente saudável.
Densidade de estocagem equilibrada: Evitar superlotação reduz o estresse e a propagação de doenças.
Medidas de biosseguridade: Adoção de quarentena, desinfecção de equipamentos e controle de acesso às instalações são indispensáveis para evitar a entrada de patógenos.
Produção de tilápias e camarões: Tecnologias que estão revolucionando a prevenção sanitária
A inovação tecnológica tem sido uma grande aliada na melhoria das condições sanitárias na aquicultura:
Biomarcadores não letais: Permitem identificar desequilíbrios fisiológicos e sinais de doenças de forma precoce, sem necessidade de sacrificar os animais.
Vacinação de tilápias: Avança no país como alternativa ao uso de antibióticos e contribui para a redução de perdas por doenças bacterianas.
Sistema de bioflocos (BFT): Melhora a qualidade da água e fornece proteína natural aos animais, reduzindo a dependência de ração externa.
Sistemas de recirculação aquícola (RAS): Controlam totalmente a qualidade da água e reduzem a necessidade de grandes volumes hídricos.
Essas tecnologias, aliadas ao manejo preventivo, formam um conjunto robusto de ferramentas para reduzir riscos sanitários e promover uma produção mais estável e sustentável.
Capacitação técnica e adoção de boas práticas
Outro ponto decisivo na prevenção de doenças é a formação contínua dos produtores e equipes técnicas. A identificação precoce de sinais clínicos, a aplicação de protocolos sanitários e o correto manuseio de equipamentos são ações que fazem toda a diferença no dia a dia da produção.
Treinamentos, acesso a informações atualizadas e protocolos padronizados contribuem para a eficiência da biosseguridade em todas as fases da criação.
Biosseguridade como fator de qualidade e rentabilidade na aquicultura
Adotar práticas de biosseguridade não é apenas uma medida de contenção de doenças — é também uma estratégia de valorização da produção. Ao garantir rebanhos mais saudáveis e menos suscetíveis a perdas, o produtor consegue obter maior produtividade, qualidade final do produto, redução de custos com medicamentos e maior competitividade nos mercados interno e externo.
Independentemente da espécie cultivada — tilápias, camarões, peixes nativos ou marinhos — investir em biosseguridade é investir na longevidade e no sucesso da produção. Em um cenário onde consumidores e autoridades sanitárias exigem cada vez mais rastreabilidade, responsabilidade ambiental e controle sanitário, a prevenção se transforma em ativo estratégico.