A seca prolongada no Brasil, que já se estende por 12 meses, tem causado impactos profundos na agricultura e provocado aumento nos preços dos alimentos. Esse quadro é resultado de eventos climáticos como o El Niño e o aquecimento do Atlântico Tropical Norte, além do desmatamento na Amazônia, que afeta a distribuição de umidade no país.
A estiagem tem atingido duramente os pequenos agricultores, responsáveis por cerca de 70% da produção de alimentos consumidos internamente. Apenas 13% das áreas agrícolas no Brasil possuem sistemas de irrigação, o que agrava a situação para os produtores familiares, que dependem das chuvas para manter suas colheitas.
Impactos no feijão, carne bovina e laranja
O feijão, alimento essencial na mesa dos brasileiros, sofreu com a escassez de chuvas, resultando em uma perda de aproximadamente 15% na segunda safra de 2024. Segundo Marcelo Lüders, presidente do Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses (Ibrafe), a seca frequente nas últimas safras, combinada com a proliferação de pragas, pode fazer com que o feijão carioca fique até 40% mais caro no final do ano.
Na pecuária, os pastos degradados atrasam a engorda do gado, reduzindo a oferta de carne bovina. Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, explica que a qualidade dos pastos e o aumento de incêndios na seca também elevam os custos de produção, resultando em preços mais altos da carne.
A produção de laranja, prejudicada pela estiagem e por doenças como o “greening”, enfrenta queda na produtividade. Nos últimos 12 meses, os preços da laranja pera subiram 41,12%, e o custo dos sucos de frutas aumentou 7,46%, segundo o IPCA.
Cenário climático e desafios futuros
A previsão para os próximos meses não aponta uma melhora significativa no regime de chuvas. O uso de irrigação tem mitigado alguns efeitos, mas ainda é insuficiente para resolver a crise, especialmente entre os pequenos produtores. Técnicas alternativas, como o uso de águas de reuso, têm sido sugeridas, mas exigem recursos que nem todos os agricultores possuem.
A seca prolongada continua a desafiar o setor agrícola, aumentando a preocupação com o abastecimento interno e pressionando os preços dos alimentos no país.