Gestão de biofilmes e bioincrustações na aquacultura: técnicas essenciais

A gestão de biofilmes e bioincrustações na aquacultura é fundamental para garantir a sustentabilidade e a produtividade dos sistemas de cultivo. Esse processo envolve medidas que asseguram a biosseguridade do ambiente aquático, combatendo desafios que impactam a saúde dos organismos e aumentam os custos operacionais. À medida que o setor cresce, o controle desses fenômenos se torna ainda mais necessário para garantir uma produção segura e eficiente.

O que São Biofilmes e Bioincrustações?

Para uma gestão eficaz de biofilmes e bioincrustações na aquacultura, é crucial compreender suas características e impactos:

Biofilmes consistem em camadas de micro-organismos – como bactérias, algas, fungos e protozoários – que, ao aderirem a superfícies submersas, formam uma camada viscosa. Além disso, essas colônias se protegem com uma matriz extracelular, o que dificulta sua remoção e contribui para a resistência. Os biofilmes, por conseguinte, são comumente encontrados em superfícies de tanques, redes, tubulações e outros equipamentos de aquacultura, onde podem afetar tanto a qualidade da água quanto a sanidade dos organismos aquáticos.

Bioincrustações, por outro lado, referem-se a depósitos de organismos mais complexos, como mexilhões, cracas, esponjas e algas, que também se fixam nas superfícies submersas. Essas incrustações, por sua vez, formam colônias capazes de causar danos físicos ao bloquearem tubulações e aumentarem a resistência hidrodinâmica de gaiolas e sistemas flutuantes.

Assim, a presença de biofilmes e bioincrustações impacta diretamente o cultivo, reduzindo a troca de oxigênio, comprometendo a qualidade da água e, consequentemente, aumentando a necessidade de medicamentos para preservar a saúde dos animais.

Impactos da Gestão de Biofilmes e Bioincrustações na Aquacultura

Os biofilmes e bioincrustações têm efeitos diretos e indiretos na produção aquícola. Veja como:

  • Deterioração da Qualidade da Água: Biofilmes alteram o ciclo de nutrientes, promovendo o acúmulo de amônia e outros compostos tóxicos para os organismos. Esse ambiente comprometido eleva o risco de mortalidade.
  • Obstrução de Sistemas de Fluxo de Água: Biofilmes e bioincrustações causam obstruções em filtros, bombas e sistemas de circulação, reduzindo a eficiência do sistema e aumentando os custos de manutenção.
  • Maior Necessidade de Medicamentos: Patógenos presentes em biofilmes aumentam o risco de surtos de doenças, elevando a necessidade de intervenções antimicrobianas e impactando a sustentabilidade da produção.
  • Redução da Eficiência Alimentar: Em sistemas de recirculação, o acúmulo de biofilmes reduz o oxigênio disponível, estressando os animais e prejudicando seu crescimento e apetite.

Técnicas para a Gestão de Biofilmes e Bioincrustações na Aquacultura

Para uma gestão de biofilmes e bioincrustações eficaz na aquacultura, é necessária uma abordagem integrada com práticas preventivas e corretivas. Abaixo, estão as principais técnicas para mitigar esses desafios.

Monitoramento Contínuo e Inspeções

Inspeções regulares em tanques, redes e tubulações ajudam a detectar biofilmes e bioincrustações precocemente. Ferramentas de monitoramento automatizadas, como sensores, permitem intervenções antes que o crescimento excessivo ocorra, reduzindo custos e minimizando impactos.

Manutenção da Qualidade da Água

Manter a qualidade da água é essencial para evitar o crescimento de biofilmes. Parâmetros como temperatura, pH, amônia, nitrito e oxigênio dissolvido devem ser monitorados e ajustados conforme necessário para inibir a proliferação microbiana e reduzir a formação de biofilmes.

Limpeza Mecânica Regular

A remoção mecânica de biofilmes e bioincrustações é uma prática crucial para manter a eficiência dos sistemas de aquacultura. Limpezas frequentes, como escovação ou jatos de água, ajudam a evitar a formação de camadas espessas que prejudicam o fluxo e a qualidade da água. Por isso, em instalações de grande porte, a tecnologia de limpeza automatizada com robôs subaquáticos se apresenta como uma opção eficaz e econômica, reduzindo significativamente o tempo e os custos da manutenção manual.

Tratamentos Químicos Eficazes

Biocidas e produtos químicos específicos são amplamente utilizados para controlar o crescimento de micro-organismos. Por exemplo, produtos como o peróxido de hidrogênio são eficazes contra biofilmes e, por serem biodegradáveis, oferecem uma opção segura tanto para os animais quanto para o meio ambiente.

O uso de hipoclorito de sódio, por outro lado, também pode ser considerado; no entanto, é necessário aplicá-lo com cautela para evitar impactos negativos no sistema aquático.

Aplicação de Revestimentos Anti-Incrustantes

O uso de revestimentos anti-incrustantes em superfícies submersas inibe a adesão de organismos, prevenindo a formação de bioincrustações. Esses revestimentos são desenvolvidos com propriedades antimicrobianas, tornando as superfícies menos propensas ao crescimento de biofilmes e bioincrustações.

Controle Biológico

Algumas espécies, como certos tipos de moluscos e crustáceos, podem contribuir para o controle biológico de biofilmes e bioincrustações ao se alimentarem dessas formações, promovendo uma limpeza natural das superfícies e complementando o controle físico e químico.

Tecnologias Emergentes no Controle de Biofilmes

Inovações tecnológicas, como ultrassom, luz ultravioleta (UV) e campos eletromagnéticos, por sua vez, têm se mostrado promissoras na gestão de biofilmes e bioincrustações. Ademais, essas técnicas desestabilizam colônias microbianas, evitando a adesão sem a necessidade de produtos químicos, o que torna o processo mais sustentável e seguro para o meio ambiente.

Benefícios da Gestão de Biofilmes e Bioincrustações na Aquacultura

Investir em práticas de biosseguridade e gestão de biofilmes e bioincrustações na aquacultura traz diversos benefícios, como a preservação da saúde e bem-estar dos organismos aquáticos, além de reduzir custos operacionais e melhorar a sustentabilidade dos sistemas. A aplicação dessas estratégias promove ambientes de cultivo mais seguros e produtivos, assegurando a qualidade e a proteção dos recursos naturais e contribuindo para a viabilidade do setor.

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Paulo Raffi e Luiz Eduardo Conte

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