A antecipação de uma quebra na safra de grãos 2023/24 tem levado o Governo Federal a discutir medidas emergenciais para apoiar produtores e indústrias de insumos agropecuários diante do cenário projetado de endividamento e menor liquidez nos próximos meses.
A proposta inicial inclui a criação de uma linha via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em dólar para custeio e capital de giro, com um prazo de pagamento de três anos. Esta medida, que não acarretaria custos adicionais ao Tesouro Nacional, visa solucionar potenciais dívidas privadas e auxiliar empresas de insumos, como fertilizantes, defensivos e sementes, na captação de recursos e renegociação de dívidas.
Em uma reunião ampliada com o setor produtivo, agendada para esta quinta-feira (11/1) em Brasília, serão discutidos dados sobre a previsão da quebra na safra e seus impactos econômicos. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima uma redução de 4,2% na colheita de grãos em relação ao ciclo passado, totalizando 306,4 milhões de toneladas.
O encontro contará com a participação do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), que apresentará cálculos sobre a perda de rentabilidade na produção agrícola. O foco nas dívidas privadas se deve ao perfil de contratação de financiamentos em regiões previstas para quebra, como Mato Grosso e Matopiba.
Embora nessas regiões o crédito oficial do Plano Safra represente uma parcela pequena do custeio da safra, o governo está atento para evitar impactos econômicos que possam prejudicar o desenvolvimento da cadeia agrícola.
O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, destaca a possibilidade de criação de novas linhas de crédito em dólar para a indústria e produtores, visando manter a engrenagem do crédito em funcionamento. Medidas como o possível alongamento de dívidas do crédito rural de investimentos estão em análise, buscando minimizar os impactos da quebra na safra.
Para enfrentar desafios adicionais, o governo também está atento à possibilidade de descumprimento de contratos privados entre produtores e tradings, resultante da produção menor de grãos. Ações para o abastecimento de milho em regiões afetadas pela estiagem, como o Nordeste e o norte de Minas Gerais, também estão sendo implementadas.
Em resumo, diante da iminente quebra na safra, o governo está explorando estratégias emergenciais para manter a estabilidade econômica no setor agrícola, protegendo produtores e indústrias de insumos agropecuários.