Pesquisadores da Embrapa alcançaram um avanço significativo ao obter gelatina a partir da pele do peixe tambaqui, oferecendo uma alternativa sustentável às gelatinas convencionais derivadas de couro bovino e suíno.
A pele, escamas e cabeça do tambaqui, geralmente utilizadas na fabricação de ração para peixes, mostraram-se adequadas para produção de gelatina com aplicações tanto na indústria alimentícia quanto farmacêutica. Esse aproveitamento eleva o valor agregado dos coprodutos da piscicultura.
O projeto BRS Aqua da Embrapa, financiado pelo BNDES, CNPq e Secretaria Nacional de Aquicultura e Pesca, tem sido crucial para impulsionar a pesquisa e desenvolvimento na aquicultura brasileira. De acordo com o pesquisador Manuel Antônio Jacintho, da Embrapa Pecuária Sudeste, a iniciativa visa não apenas aumentar a eficiência da cadeia produtiva, mas também explorar novos usos tecnológicos para os resíduos da pesca.
Fernanda Ramalho Procópio, bolsista de pós-doutorado CNPq, enfatiza que a gelatina da pele de tambaqui possui propriedades tecnológicas comparáveis às de gelatinas bovinas e suínas, com uma composição de aminoácidos especialmente rica, incluindo glicina, prolina e hidroxiprolina, essenciais para a firmeza do gel.
Os benefícios da gelatina de tambaqui incluem sua aplicabilidade em clarificantes de bebidas e na produção de cápsulas moles, além de ser uma fonte potencial de peptídeos de colágeno, úteis para aplicações farmacêuticas.
Esse avanço não apenas promove uma economia circular na indústria de processamento de pescado, reduzindo o desperdício, mas também amplia as oportunidades de mercado para os produtores brasileiros de tambaqui.